29 julho 2020

O meu bisavô Jorge Teixeira

 

Jorge Teixeira com os seus netos Nuno e André (encoberto), no final dos anos 60 do séc. XX

 

Não sei bem que altura do ano era. Só sei que estava calor e vinha da praia de cascais.

Passei pela casa da minha avó, em S. João do Estoril, para lhe fazer uma visita. Já tinha tido vários olhares sobre a casa da minha avó Helena…. Ora às escuras por ela ainda estar a dormir, ou a abarrotar de gente, como nos natais, em que todos os tios e primos se juntam, para comer, cantar e discutir. Desta vez a casa estava com bastante luz. O corredor com tons de terra, a cómoda de madeira escura…. É, a meu ver, a típica casa de avós (imaginando que cada pessoa tem na sua cabeça uma imagem diferente de como seria a casa ideal de avós). Nessa bela tarde, logo após dar o tradicional beijinho à minha avó, vi que a casa estava desarrumada. Tinha papeis pelo chão, gavetas cheias de tralha tiradas da cómoda no corredor. Demorei um pouco, mas perguntei o que se passava – “são coisas do teu bisavô”. Fiquei ainda mais curioso, pois nunca tinha ouvido falar de um bisavô que pudesse ser tão grande coleccionador de papelada e tralha. E a minha avó, lá me contou a história do meu Biso Teixeira. Do ferroviário do Barreiro, que escrevia e tocava nos tempos livres. 

TmB

(continuar a leitura)

12 julho 2020

A Batalha: um diário e um projecto cultural no movimento sindical da República (1919-1927)



 

A Batalha constituiu até hoje uma referência única no panorama do jornalismo operário em Portugal, não apenas por se tratar de um jornal diário de grande tiragem (à escala de um país pobre e analfabeto) destinado prioritariamente às classes trabalhadores, como também (ou principalmente) pelo seu modelo editorial. O jornal surge por iniciativa de sindicalistas e anarquistas onde se destacaram o papel dos gráficos, os tipógrafos e jornalistas como Alexandre Vieira, Pinto Quartim, Joaquim Cardoso, Perfeito de Carvalho, e outros, que quiseram lançar um periódico que fosse simultaneamente noticioso e formativo, por um lado, e porta-voz da organização operária, por outro.  A Batalha vinha assim substituir o jornal da União Operária Nacional (U.O.N.) mas não perdia as características de um projecto jornalístico. A atestá-lo estava a publicidade que ainda surge nos primeiros números e o facto de ter sido criado com o concurso de subscrição pública (e não pela quotização dos sindicatos que sofriam ainda os efeitos da repressão sidonista e as consequências económicas da guerra). 


PEG

 

(continuar a leitura)