“Volta e meia, sob qualquer pretexto, as vistosas bandas marchavam e tocavam “passo-double” alegres, marchas, hinos vibrantes, rua fora, com chusmas de cabeças às janelas, à frente de uma onda frenética de moços a entoá-los e a apanhar canas de foguete, atrás de um rio de gente ébria de felicidade, sócios da mesma agremiação, ferrenhos admiradores, amigos e camaradas dos músicos”
Jorge Teixeira, O Barreiro que eu vi, Ed. Câmara Municipal do Barreiro, 1993, pág.63
Desfile de homenagem aos barreirenses participantes na Primeira Guerra Mundial, realizada em 1930, na rua Aguiar, em que participaram quatro bandas filarmónicas do concelho: Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense, Banda do Grupo Desportivo da Companhia União Fabril, Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense “os penicheiros” e Sociedade Democrática União Barreirense “os franceses” (fonte: CMB - Espaço Memória. Espólio de Augusto Pereira Valegas).
Na fotografia, surgem à frente, de negro, os alunos do Asilo de D. Pedro V, depois os membros da Liga dos Combatentes com a sua bandeira, seguidos de membros da edilidade. Atrás a rodear as filarmónicas, muito povo, como recordava Jorge Teixeira.
Seguem pela rua Joaquim António de Aguiar, aquela que era a principal artéria do Barreiro na época, que no século XIX tinha a designação de rua de Palhais.
Hoje, esta rua perdeu toda esta vida e alegria que observamos na imagem. Entre muitas ruínas, também as filarmónicas são uma recordação. Das bandas que estiveram presentes neste desfile, nenhuma subsiste. Hoje, o Barreiro tem apenas uma filarmónica, a Banda Municipal do Barreiro, fundada em 1972 e que tem na sua origem elementos da Banda da CUF.
Mas, a história não se perdeu. As sociedades filarmónicas centenárias barreirenses, apesar de extintas, têm ainda os seus arquivos musicais intactos nas sedes das respetivas coletividades (SIRB e SDUB), no Espaço Memória do Barreiro (SFAL) e na Banda Municipal do Barreiro (Banda do GD da CUF). Grande parte dos velhos instrumentos também estão guardados nas suas sedes, assim como, a documentação relativa à sua organização e gestão. Cabe às atuais gerações dirigentes o papel de conservarem este legado com o mesmo brio com que outrora funcionaram, como Jorge Teixeira nos lembra, sacrificando as horas de descanso e de lazer com a família, para dedicar o seu tempo à sua coletividade.
FdM
(continuar a leitura)