28 junho 2020

A MUDANÇA DA PAISAGEM NO BARREIRO DE JORGE TEIXEIRA


Bilhete postal com vista parcial da desaparecida praia Norte do Barreiro (1910)

Fonte: CMB – Espaço Memória


O progresso tinha o seu preço. O lago e as barraquinhas brancas, os meus castelos de areia, até as minhas pescarias haviam desaparecido. (…) Só a recordação da fertilidade pesqueira desse lodo resistia à reconciliação. Olhei o Tejo com saudade “.

Jorge Teixeira, O Barreiro que eu vi. Edição Câmara Municipal do Barreiro, 1993, pág. 55

 

A viagem no tempo que Jorge Teixeira faz às suas memórias, alude muitas vezes à saudade e ao choque pela mudança que constata. As quintas, as ruas, o rio, a praia mudaram muito no Barreiro entre as décadas de 1910 e 1920, período que o autor recorda, e o final da década de 1960, quando de táxi atravessa e visita o Barreiro. 

            Neste trecho, junto da muralha marginal (inaugurada em 1933), que aterrou a praia retratada no postal que apresentamos, Jorge Teixeira lembra-nos que o “progresso” do Barreiro tivera um custo para a sua paisagem. O Barreiro que ele vira, mudara.

FdM

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A VEREAÇÃO SOCIALISTA DA CMB (1920-22)



Bilhete postal ilustrado – Sociedade Recreativa “Franceses”. Ed. Laurinda Grave dos Santos.

 

Numa reviravolta surgem-me a fachada imponente dos Franceses, diante do jardim que fora uma sucursal do Odeon com o seu coreto para concertos e árvores meditativas

 Jorge Teixeira, O Barreiro que eu vi, Ed, Câmara Municipal do Barreiro, 1993, pág. 44


A propósito da memória de Jorge Teixeira sobre o Jardim Público do Barreiro e o seu coreto, não podemos deixar de lembrar o centenário da eleição de uma lista socialista para as eleições municipais em 1920, já que, o lembrado coreto foi uma das realizações dessa vereação.

A imagem que apresentamos faz parte de uma coleção de postais bilingues (português e esperanto), editada no Barreiro no final da década de 1930. Transporta-nos até ao imaginário de Jorge Teixeira da memória do local, como também a sua faceta de esperantista.

FdM

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AS FILARMÓNICAS


“Volta e meia, sob qualquer pretexto, as vistosas bandas marchavam e tocavam “passo-double” alegres, marchas, hinos vibrantes, rua fora, com chusmas de cabeças às janelas, à frente de uma onda frenética de moços a entoá-los e a apanhar canas de foguete, atrás de um rio de gente ébria de felicidade, sócios da mesma agremiação, ferrenhos admiradores, amigos e camaradas dos músicos”

 Jorge Teixeira, O Barreiro que eu vi, Ed. Câmara Municipal do Barreiro, 1993, pág.63


Desfile de homenagem aos barreirenses participantes na Primeira Guerra Mundial, realizada em 1930, na rua Aguiar, em que participaram quatro bandas filarmónicas do concelho: Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense, Banda do Grupo Desportivo da Companhia União Fabril, Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense “os penicheiros” e Sociedade Democrática União Barreirense “os franceses” (fonte: CMB - Espaço Memória. Espólio de Augusto Pereira Valegas).

Na fotografia, surgem à frente, de negro, os alunos do Asilo de D. Pedro V, depois os membros da Liga dos Combatentes com a sua bandeira, seguidos de membros da edilidade. Atrás a rodear as filarmónicas, muito povo, como recordava Jorge Teixeira.

Seguem pela rua Joaquim António de Aguiar, aquela que era a principal artéria do Barreiro na época, que no século XIX tinha a designação de rua de Palhais.

Hoje, esta rua perdeu toda esta vida e alegria que observamos na imagem. Entre muitas ruínas, também as filarmónicas são uma recordação. Das bandas que estiveram presentes neste desfile, nenhuma subsiste. Hoje, o Barreiro tem apenas uma filarmónica, a Banda Municipal do Barreiro, fundada em 1972 e que tem na sua origem elementos da Banda da CUF.

Mas, a história não se perdeu. As sociedades filarmónicas centenárias barreirenses, apesar de extintas, têm ainda os seus arquivos musicais intactos nas sedes das respetivas coletividades (SIRB e SDUB), no Espaço Memória do Barreiro (SFAL) e na Banda Municipal do Barreiro (Banda do GD da CUF). Grande parte dos velhos instrumentos também estão guardados nas suas sedes, assim como, a documentação relativa à sua organização e gestão. Cabe às atuais gerações dirigentes o papel de conservarem este legado com o mesmo brio com que outrora funcionaram, como Jorge Teixeira nos lembra, sacrificando as horas de descanso e de lazer com a família, para dedicar o seu tempo à sua coletividade.

 

FdM

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